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  • Foto do escritorRaiane Cardoso

Conheça a história de Yanca Costa

Com 20 anos de idade, Yanca surfa há 15 anos. Grande nome do surf feminino do país, a atleta cearense representa o Rio de Janeiro nos circuitos profissionais. O ManaSurf conta hoje um pouco da história da surfista.


A surfista cearense Yanca Costa na água
Foto: Juliano Cersossimo/Arquivo pessoal da surfista

Yanca Heloisa Correa Costa é o nome completo da atleta. O nome Yanca, a mãe da surfista viu em uma novela. Já Heloisa é uma homenagem a sua avó materna. Yanca Costa é natural de Fortaleza, capital do Ceará. Aos 10 anos, se mudou com a família para Icaraí, praia do litoral cearense, para aumentar a dedicação ao surf. Em 2016, a família Costa se mudou para o Rio de Janeiro.


A vinda para o Rio era um sonho da atleta, mas quando o momento chegou a tristeza veio junto: "Lá eu tinha todos os meus amigos, escola. Mas fui vendo a qualidade de onda, mil vezes melhor. A qualidade de vida aqui é muito melhor, mesmo com o trânsito. Tem a visibilidade aqui. Tinha uma galera que eu queria conhecer e mal cheguei no Rio e já conheci. Meu pai conseguiu emprego aqui rápido, minha mãe também. A gente consegue ter uma vida melhor aqui do que lá no Ceará".


Filha e irmã de surfistas, Yanca subiu na prancha pela primeira vez aos cinco anos e desde então nunca mais parou. "Meu pai já surfava e de ficar ali na praia brincando com meu irmão, nós só pegamos a prancha e fomos. Foi muito natural, ninguém nunca forçou", conta. A única Costa que não surfa é a mãe da atleta, que tem medo da água. Os irmãos, Cauã e Laís, também se dedicam profissionalmente ao esporte.


Yanca vê o irmão como um modelo e conta que os dois têm uma grande parceria como atletas:

"A gente se puxa em nível até hoje. É bem irado surfar com ele porque dá uns aéreos bizarros, pega tubo. Eu estou aprendendo os dois agora e ter uma pessoa em casa que faz isso tudo é muito bom, surfo com ele direto".

A surfista Yanca Costa no mar sorrindo
Foto: Anna Veronica/Arquivo pessoal da surfista

Desde pequena já tinha a certeza de que o surf seria sua profissão. A mãe a incentiva a fazer faculdade, algo que Yanca não descartou, mas adiou para se dedicar ao surf: "Eu fico pensando em fazer Educação Física ou Jornalismo. Ainda não decidi o que eu quero fazer mas eu vou fazer. Agora eu tenho tempo para me dedicar 100% ao surf, antes eu não tinha isso. No meu último ano de escola eu estudava 11 horas por dia, era bizarro. Falei para a minha mãe que nos próximos anos eu ia surfar e treinar o dia inteiro. Ela fica bolada mas apoia também. O sonho dela é que eu faça faculdade e eu vou, só não agora".


A onda do canto do Recreio, bairro da zona oeste do Rio e onde a surfista mora, é a sua onda preferida. Mas o seu sonho é surfar no Havaí. "Desde que eu me conheço por gente eu sonho em surfar no Havaí, ele todinho. Ainda não tive a oportunidade, mas quem sabe esse ano", disse Yanca.


A falta de patrocínio é a maior dificuldade de Yanca, que inclusive a impediu de participar da segunda etapa do circuito profissional da ABRASP em 2019, o qual ela liderava. "Eu ralei muito ano passado, fiz várias ações com uma porção de gente para conseguir dinheiro para esse ano. Eu vou começar a receber dinheiro agora para investir em campeonato mas não fechei nada de patrocínio ainda", disse.


Yanca é uma das poucas atletas negras profissionais de surf no Brasil. A surfista conta que nunca viu ou ouviu episódios de racismo mas que que imagina já devem ter tido comentários racistas a seu respeito.

"Sempre que eu perco eu tento não ver por esse lado. É muito difícil para a gente que não é um padrão que todo mundo quer, de ser loira, bonitinha. Mas já sofri e sofro muita xenofobia e machismo na água", contou.

A surfista Yanca Costa fazendo uma manobra surfando
Foto: Juliano Cersossimo/ Arquivo pessoal da surfista

O machismo é constante na vida de Yanca, que conta que percebe claramente quando surfa com seu irmão: "Quando ele chega lá no canto, todo mundo abre espaço para ele. Quando eu chego lá, tenho que ficar lá no canto, lá no buraco da velha para pegar ondas, para os caras deixarem".


Nas redes sociais, a surfista diz que sempre que tem a oportunidade, responde comentários preconceituosos. "Respondo sempre no deboche, porque se for na raiva não dá certo", disse a atleta.


Fora da água e dos treinos, Yanca aproveita seu tempo livre indo ao cinema, comprando roupas, vendo filmes e séries em casa ou comendo açaí, sempre acompanhada de sua amiga e também surfista Maju Freitas.


Festas e baladas não enchem os olhos da atleta. "Não gosto de festa, não gosto de ficar em pé, não gosto de muita gente perto de mim. Por isso o melhor é ir no cinema, no shopping ou comer açaí. Ou então é ficar em casa dormindo", contou rindo.


O grande sonho de Yanca é ficar estável no campeonato mundial de surf e investir em campeonatos nacionais de surf feminino. Em 2020, Yanca diz que o foco é ser campeã brasileira de surf e ganhar dois QS (Divisão de Acesso da Liga Mundial de Surf):

"Eu fiquei em quarto lugar em 2017, terceiro em 2018, segundo em 2019 e esse ano vou ser o primeiro lugar, é a ordem natural das coisas", disse rindo.
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