Raiane Cardoso
Você conhece a história das princesas do surf ?
A história do surf começou no Havaí e na Polinésia. Antes do Havaí ser parte dos Estados Unidos, o território era um reino e o surf era um esporte bastante popular, inclusive entre a realeza. Três princesas havaianas foram muito importantes para a história do surf: as princesas Kaneamuna, Kelea e Victoria Ka'iulani. O ManaSurf hoje conta um pouco sobre a história de cada uma e sua relação com o esporte.

Começamos com a princesa Kaneamuna: ela é a dona da prancha de surf mais antiga já encontrada. A prancha foi encontrada junto de um trenó em uma espécie de caverna funerária da princesa em Ho'okena, local que fica na Ilha Grande do Havaí, de acordo com o Centro de Patrimônio e Cultura do Surf em San Clemente, Califórnia.
A prancha foi achada em 1905 e foi feita nos anos 1600. Não há muitas informações disponíveis sobre a princesa mas o achado nos mostra há quanto tempo as mulheres estão envolvidas com o surf e a importância da presença feminina no esporte.
Já a princesa Kelea, de nome todo Keleanohoana'api'api, era uma princesa de Maui, uma das ilhas do Havaí. Ela é descrita como uma das melhores surfistas de todo o reino do Havaí em sua época, por volta do século XV e sua principal paixão era o esporte. A princesa se casou com o rei de Oahu, outra ilha havaiana e tiveram três filhos. Os dois se divorciaram e a princesa casou novamente com o irmão do rei, a quem amava de verdade.
A história de Kelea é um tanto mítica e há lendas, inclusive, de que ela teria sido sequestrada. Atualmente existe uma fundação sem fins lucrativos que leva o nome da princesa e que tem como objetivo tornar os esportes aquático, entre eles o surf, e o oceano no geral acessível a todos.
A princesa Victoria, de nome todo Victoria Kawēkiu Kaʻiulani Lunalilo Kalaninuiahilapalapa Cleghorn, era filha de mãe havaiana e de pai escocês. O jornal britânico Daily Mail a descreve como uma especialista no surf. Seus dois primos, David e Jonah, foram os responsáveis por levar o surf para a Grã-Bretanha em 1890 e há quem diga que ela também foi uma das responsáveis.
Ela foi a primeira mulher a surfar no território, segundo uma carta que escreveu em 1892, como contam historiadores. A princesa passou esse ano sendo educada no resort da costa sul de Brighton, cidade litorânea na Inglaterra.
Na carta, que é a única evidência tangível, ela diz que gostou de "estar na água novamente" em Brighton, o que pode ter significado, além da prática do esporte, uma caminhada no píer ou orla da cidade e ainda que a princesa nadou, pois sabe-se que ela gostava de nadar e surfar.

Em sua terra natal, a princesa gostava de nadar à luz da lua com suas amigas e além do surf e da natação, também praticava canoagem. Estava sempre presente nas águas de Waikiki, bairro da capital havaiana Honolulu.
Foi a última princesa do Havaí, em 1894 foi proclamada uma república no arquipélago e em 1900 virou um território dos Estados Unidos.
Ela é conhecida, além do surf, por sua inteligência, determinação e amor pelo Havaí. A princesa fez muitos discursos e aparições públicas denunciando a derrubada da monarquia e a injustiça contra os havaianos.
Chegou a fazer uma visita ao então presidente dos EUA Grover Cleveland e à primeira-dama Frances Cleveland, mas não pôde impedir a eventual anexação do arquipélago aos Estados Unidos.
Sua saúde foi se deteriorando aos poucos após toda a situação política no Havaí e a princesa morreu jovem, aos 23 em 1899, vítima de um reumatismo inflamatório. Existe uma estátua em Honolulu em homenagem à princesa, localizada em uma avenida que leva o seu nome.
Além disso, tem um hotel em Waikiki da rede Sheraton que também leva o nome de Victoria. Um filme foi lançado em 2009 contando a história da princesa e a obra completa está disponível no Youtube, porém infelizmente somente em inglês e sem a opção de legendas.
E aí, gostou da história delas? Você pode conhecer a história de outras mulheres do surf lá na nossa editoria Donas do Mar.