top of page
  • Foto do escritorEquipe ManaSurf

"Deixem a política fora do surf!"


Foto do ato "Paddle Out for Unity in Solidarity with Black Lives Matter", que homenageou as vidas perdidas para a brutalidade policial e o racismo estrutural nos Estados Unidos, imagem que foi capa da Surfer Magazine.
Foto do ato "Paddle Out for Unity in Solidarity with Black Lives Matter", que homenageou as vidas perdidas para a brutalidade policial e o racismo estrutural nos Estados Unidos. A imagem foi capa da Surfer Magazine de inverno. I Foto: Riles Mund e Grant Ellis / Reprodução Instagra,

Hoje, 1º de novembro, se inicia um mês de eleições municipais no Brasil e o mês que será decidido quem será o presidente dos Estados Unidos pelos próximos quatro anos.


Um mês atrás, no dia 1º de outubro, a Surfer Magazine publicou um apoio à chapa presidencial de Joe Biden e Kamala Harris. Pela primeira vez em 60 anos de história, a revista estadunidense se manifestou e apoiou um presidenciável, apontando as razões pelas quais os surfistas deveriam apoiar Biden e Harris.


Na primeira etapa do Australian Grand Slam of Surfing da WSL no último mês, a surfista australiana Tyler Wright passou mais de sete minutos ajoelhada e com uma mão para o alto com punho cerrado, protesto em apoio ao movimento Black Lives Matter.


No post no Instagram da Surfer Magazine, vemos comentários como: "Que piada!", "Eu te segui para ver um conteúdo sobre surf, não para saber sua opinião política", "Vocês perderam o meu respeito". No Instagram de Tyler Wright, podemos ler comentários como "Você é uma idiota! Nunca terá meu apoio novamente", "Todas as vidas importam!", "Você está apoiando uma organização terrorista, eduque-se" e coisas do gênero. Mas o principal comentário é sempre o "Deixe a política fora do surf".


A Surfer Magazine não foi o primeiro veículo de comunicação estadunidense a expressar apoio à chapa Biden-Harris, outros como o New Yorker e o New York Times fizeram o mesmo. A revista também manifestou seu apoio ao Black Lives Matter em junho em um post no Instagram, onde disseram:


"[...] Geralmente estamos no ramo de escapismo. Publicamos fotos, vídeos e histórias sobre ondas perfeitas ao longo de litorais maravilhosos, que podem ser boas distrações de qualquer coisa desagradável que esteja acontecendo no mundo. Mas agora, o que precisamos não é uma fuga fácil. O que precisamos é enfrentar algo muito difícil com olhos claros e coração aberto. O racismo sistêmico está matando os negros na América, assim como matou George Floyd na semana passada, e todos devemos usar nossas vozes para condená-lo. Se você está se perguntando o que isso tem a ver com o surf, está perdendo o ponto. Calar é ser cúmplice".

Escapismo é a palavra. Existe um estigma de que o surf é um espaço apolítico. Mas, na realidade, o surf e a política caminham e sempre caminharam juntos. O esporte, no geral, sempre caminhou lado a lado da política. O que chamamos de política aqui é ela no seu sentido mais amplo. Escolhas, atitudes. Tudo isso é política. Se você escolhe algo em detrimento de outra coisa, você teve uma atitude política. No mundo do surf, como um esporte ou como um estilo de vida, isso não muda.


Os boicotes na Liga Nacional de Basquete Profissional dos EUA (NBA), a pressão de Lewis Hamilton na Fórmula 1 e seus protestos, a advertência dada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para a atleta do vôlei Carol Solberg por manifestação política e o caso do jogador Robinho, que mesmo condenado em primeira instância na Itália por violência sexual contra uma jovem, foi contratado para voltar ao Santos - mas teve o contrato suspenso após pressão da opinião pública e de patrocinadores.


Casos como esses mostram a importância do esporte ser usado como palco para discussões muito sérias e pertinentes para todos enquanto sociedade, que não podem ser deixadas de lado e etiquetadas como "coisas de política". Reafirmamos mais uma vez: tudo é político. A contratação de um jogador sendo julgado por violência sexual é política. Manifestar o seu apoio para movimentos em forma de boicotes ou usando camisas e óculos são política.


O ManaSurf é um portal criado e operado por mulheres, sendo uma delas uma mulher negra. Somos três jornalistas atuando neste site com uma missão: trazer visibilidade para o surf feminino mundial e, especialmente, para o surf feminino brasileiro. Só a existência do site já demonstra a nossa posição e no que acreditamos. Já nos posicionamos antes mas reiteramos aqui: sempre apoiaremos quem está do lado dos direitos das minorias sociais, promovendo e incentivando o esporte e lutando para garantir que as próximas gerações possam usufruir das belas praias e oceanos que conhecemos. E, sim, tudo isso é política.

bottom of page